O Justiça em Números de 2011
trouxe duas notícias boas e outra ruim. A primeira boa notícia é que o
número de casos novos ingressados na Justiça está crescendo a um ritmo
mais lento. A segunda é que os juízes do país estão julgando mais. Já a
notícia ruim é que o estoque de processos em tramitação no país segue
aumentando, ou seja, o número de casos novos que chegam aos tribunais
continua maior do que o número de processos julgados e encerrados
(clique aqui para ler o Relatório no site do CNJ).
Uma
notícia que não é boa nem ruim, mas simplesmente espetacular é que 60%
do movimento processual do país está concentrado em quatro tribunais, os
chamados tribunais de grande porte da Justiça Estadual. São eles, os
Tribunais de Justiça de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio
Grande do Sul.
Segundo o Justiça em Números, o estoque
de processos nestes tribunais, ao final de 2010, era de 29 milhões de
unidades. Somados os estoques dos outros 52 tribunais e de suas
respectivas varas de primeiro grau da Justiça Federal, Trabalhista e
Estadual, chega-se a um total de 31 milhões de processos. Ou seja, os
quatro grandes respondem por 48% da movimentação de processos do país.
(O estoque foi calculado somando-se o número de casos novos com o de
casos pendentes e subtraindo o número de sentenças terminativas
proferidas em 2010). No ano passado, a Justiça brasileira pôs fim a 22
milhões de processos.
Outra
constatação que chama a atenção é o enorme peso da Justiça Estadual nos
números globais. A Justiça Comum responde por 73% das novas ações
ingressadas em 2010, por 81% dos casos pendentes e por 71% das decisões
proferidas. São Paulo, sozinho, é responsável por um terço destas
cifras.
Execução
Como mostrou reportagem da ConJur,
na segunda-feira (29/8), a execução continua sendo o grande gargalo da
Justiça: "O relatório, que traz os números de 2010, mostra que a taxa de
congestionamento da execução em primeira instância é de 84%. No caso
das execuções fiscais, o volume é ainda maior: 91% de
congestionamento." E continua o texto: "De cada 100 cidadãos ou empresas
que procuram o Poder Judiciário, 84 podem até sair com uma decisão
judicial favorável em primeira instância, mas não conseguirão fazer
valer, de fato, seus direitos."
Trabalho
A Justiça do Trabalho é a que tem os melhores índices de eficiência. É o
único ramo da Justiça que consegue julgar um número maior de processos
do que o número de processos novos que ingressam. Em 2010, foram 4% a
mais de sentenças do que o de casos novos — pouco, mas suficiente para
reduzir o estoque de processos em tramitação em cerca de 140 mil
processos.
Federal
A Justiça Federal está se aproximando desta meta. Em 2010, as sentenças
proferidas representaram 91% do total de novos processos. Isso significa
que o estoque de processos, que já é quase três vezes maior do que a
capacidade de julgamento dos juízes, está aumentando. A carga de
trabalho dos desembargadores federais é a mais alta do Judiciário
brasileiro: são quase 12 mil processos para cada julgador, em média
(contra cerca de 2 mil para os colegas da Justiça Comum e do Trabalho).
No primeiro grau, a situação é menos dramática, mas não cômoda: estão à
espera de julgamento no gabinete de cada juiz federal, em média 4,4 mil
processos (contra 5,9 dos juízes estaduais e 2,4 dos trabalhistas).
Juizados
Os números mostram ainda o colapso que ameaça os Juizados
Especiais. Criados para acelerar a solução de casos de baixa
complexidade e de pequeno valor, os Juizados Especiais Federais já estão
suplantando o volume de processos recebidos pela Justiça Federal de
primeiro grau. Em 2010, foram 1,3 milhão de processos novos nos JEFs
contra pouco mais de 900 mil na primeira instância. Mas enquanto a
primeira instância tem um estoque de 4,6 milhões de processos à espera
de julgamento, nos JEFs a lista de espera só tem 1,7 milhão.
Nos
Juizados Especiais estaduais a situação é menos dramática, mas
igualmente preocupante. O movimento de ações nos Juizados já corresponde
a um terço do movimento da primeira instância.
Custos
O levantamento mostra ainda quanto custa o sistema de Justiça no país:
R$ 41 bilhões. Representa 1,12% do PIB nacional e corresponde a uma
despesa média de R$ 212 por cidadão brasileiro ao ano. Cerca de 90% do
total é gasto com pessoal.
Pessoal
A prestação da Justiça no país está a cargo de 16.804 juízes e
desembargadores. Desse total, cerca de 12 mil estão na Justiça Estadual.
Ainda em relação ao total, 14,4 mil são juízes de primeiro grau e 2,3
mil desembargadores de segundo grau. O total de servidores judiciais
chega a 321 mil, dos quais 207 mil são efetivos.
Resumo
Resumindo tudo em números: são 338 mil homens com um orçamento de R$ 41
bilhões às voltas com 60 milhões de processos para atender 190 milhões
de brasileiros.